Ausência será erro; reforma da Previdência depende do partido
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KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA
BRASÍLIA
Se deixar de ir à reunião do Diretório Nacional do PT no sábado, a presidente Dilma Rousseff cometerá mais um erro político. Até ontem à noite, Dilma pretendia faltar ao encontro, apesar de ter mais a perder do que o partido.
Para uma presidente da República que precisa do apoio do seu partido para viabilizar a reforma da Previdência, a pior estratégia é se afastar da legenda. Nos bastidores, a presidente está contrariada com a oposição do PT à reforma da Previdência e medidas econômicas anunciadas recentemente pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.
Acontece que, sem o apoio do PT, não haverá reforma da Previdência. A oposição e partidos aliados vão usar isso como justificativa para barrar a reforma.
Ministros ainda vão tentar convencer a presidente a ir ao encontro do Diretório Nacional e de comemoração de 36 anos do partido, que ocorrerá no Rio. Há esperança de que ela aceite mudar a agenda de uma viagem presidencial ao Chile nesta sexta e sábado. Dilma tem alguns compromissos no sábado que poderiam ser desmarcados. Ela poderia voltar cedo para participar da reunião petista.
Enquanto o país afunda economicamente, a presidente acha que tem o direito de tratar com o fígado as críticas do PT. É um erro. Ela deveria ir ao encontro e debater a proposta com o partido dela. Dilma não tinha voto para estar no Palácio do Planalto. Virou presidente por causa do apoio do ex-presidente Lula e do PT.
A presidente está no poder há 13 anos _oito como ministra no governo Lula e cinco no comando do país. Não aprendeu nada? Continua achando que sabe mais do que todo mundo. Continua tratando mal os auxiliares, “espancando”, como ela diz, propostas que são sugeridas. Continua achando que é a melhor economista do planeta. Entende mais do vírus zika do que os técnicos da Saúde. Continua centralizadora e gastando enorme energia em detalhes.
O cenário externo, de fato, não ajudou Dilma. E a oposição se comporta como se não fosse voltar a governar o Brasil um dia. Mas a gravidade da atual crise econômica reside em erros da presidente. Será que ela não consegue ver o buraco em que enfiou o país e fazer uma autocrítica mínima?
A presidente não gravou participação para o programa do próprio partido nesta semana porque está magoada com a legenda. Parece birra de criança. Faltam humildade e competência à presidente da República. E quem paga o pato é o país.
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Colhendo o que plantou
O governo fez jogo duplo na votação do projeto que permite que a Petrobras não seja a operadora única do pré-sal. Para efeito público, dizia que era contra. Nos bastidores, admitia a mudança. É o tipo de esperteza que costuma engolir o dono.
Havia bons argumentos para ser contra ou a favor da mudança. O assunto não precisava ter queimado etapas no Senado. Mas o que aconteceu com a Petrobras é parecido com o que ocorreu com a economia.
Há, sim, fatores externos que prejudicaram a empresa, como a queda do preço do petróleo. A corrupção fez muito mal à empresa. Mas a má administração da estatal, que congelou o preço da gasolina, asfixiando a Petrobras e o setor de etanol, foi um erro direto da presidente. Agora, para corrigir esse erro, a Petrobras perdeu peso na extração do pré-sal.
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Não tem perigo de dar certo
Ao retirar do Brasil o grau de investimento, a Moody’s, confirma um consenso internacional de desconfiança em relação à política econômica do governo Dilma. Também é uma crítica ao trabalho do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.
O rebaixamento da nota de crédito do país veio cinco dias depois de Barbosa anunciar medidas de combate à crise. Desde a queda de Joaquim Levy da Fazenda, o mercado aumenta a expectativa de inflação e de recessão para 2016.
A dupla Dilma-Barbosa não desperta confiança econômica. O governo faz um discurso de ajuste fiscal. No entanto, não entrega o ajuste. Fala em reforma da Previdência, mas não apresenta uma articulação política sólida para viabilizá-la. Faz um discurso que contraria a sua base social, mas não convence os investidores. Só perde assim.
Enquanto o governo não tomar medidas concretas e de curto prazo para reduzir o crescimento da dívida pública, o país vai piorar. A decisão da Moody’s reflete essa percepção.
Ouça o comentário no “Jornal da CBN”:
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