INSTITUTO WANDA HORTA

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Perda de espaço para Aécio empurra Alckmin para PSB


Tucanos devem reavaliar ação radical que pode elevar rejeição
KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA
O principal desafio da oposição em 2016 será não tocar fogo no circo, até porque ela está dentro dele e poderá vir a comandar o espetáculo quando houver alternância de poder.
O Brasil vem destruindo riqueza rapidamente. É preciso interromper esse processo recessivo. Ontem, o blog tratou da necessidade de a presidente Dilma Rousseff ter cautela ao emitir sinais econômicos para 2016. A principal preocupação, inclusive da parte da oposição, também deve ser justamente interromper processo negativo na economia.
Não será mudando a meta de inflação, por exemplo, de 4,5% para 5,5% que a situação vai melhorar. O governo estuda adotar essa medida. É um lance arriscado, porque a gestão Dilma já tem imagem de tolerância excessiva com a inflação. O governo deve ter cuidado com esse debate, bem como a oposição deve refletir sobre a estratégia de ação radical no Congresso que a levou a votar contra medidas de responsabilidade fiscal.
Os líderes da oposição, sobretudo do PSDB, argumentam que perderam a eleição presidencial, que possuem apenas cerca de 20% da Câmara e do Senado e que, portanto, não podem ser cobrados pela paternidade da crise. De fato, a responsabilidade da crise é da administração Dilma, mas a ação radical da oposição agrava as dificuldades políticas e econômicas.
Essa atitude beligerante também aumenta a rejeição de parcelas da população aos políticos da oposição. Pesquisas já mostraram crescimento da rejeição do presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), que foi o candidato do partido em 2014. Hoje, as mesmas pesquisas apontam menor intenção de voto em Aécio do que na época da eleição.
O risco que o PSDB corre é o de não chegar ao poder por resistência de segmentos que veem no partido a intenção de colocar fogo no circo. Os tucanos devem ter cuidado com a escalada da guerra política, porque, ao final, pode sobrar apenas terra arrasada _sem garantia de chegada ao poder central.
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Alckmin namora PSB
É alta a chance de o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deixar o PSDB. Dirigentes do PSB já o convidaram a se filiar ao partido. E desejam que ele faça isso logo, a fim de que alianças políticas possam ser construídas para 2018 e para que possa ser nacionalizado o nome de Alckmin, que aparece com menos cacife do que Aécio nas pesquisas sobre a sucessão presidencial.
A situação de Alckmin no PSDB é delicada.
Hoje, quem controla a máquina tucana é Aécio, que preside o partido e facilmente venceria uma disputa interna pela indicação para disputar a Presidência da República pelo PSDB. Se permanecer no partido, Alckmin dependerá de um lance de sorte para concorrer ao Palácio do Planalto.
Esse isolamento no PSDB nacional explica por que Alckmin escolheu apoiar o empresário João Dória para disputar a Prefeitura de São Paulo. Dória é quem faz a ponte de Alckmin com empresários, inclusive para arrecadar recursos eleitorais. Aécio, o senador José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso preferem que o vereador Andrea Matarazzo seja o candidato a prefeito.
Dória e Matarazzo são candidatos fracos, sem expressão nas pesquisas e têm traço elitista. Não são populares. A esperança deles é chegar ao segundo turno contra Fernando Haddad, acreditando que a rejeição ao petista favoreça o postulante tucano.
Se o PSDB atropelar Alckmin e impuser Matarazzo, o governador ganhará desculpa para sair do partido e ingressar no PSB. Alckmin vive um momento difícil. Perdeu popularidade nas pesquisas. Conduziu mal a crise com os estudantes que ocuparam as escolas.
O Estado de São Paulo, aliás, está até hoje sem o sucessor do secretário da Educação que caiu com o recuo de Alckmin em relação ao fechamento de escolas. Isso é uma falta grave. Já deveria ter sido escolhido um novo secretário para substituir Herman Voorwald.
Em resumo, Alckmin vive um período de dificuldades no governo e no PSDB. Uma filiação ao PSB poderia lhe dar a chance de uma guinada importante em sua carreira política.
Ouça o comentário no “Jornal da CBN”:

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